Carta aos Livros
" A vigorosa alma cheia de significados, que transcende o corpo material de um texto, transmite a mim os sentidos que preciso para estar viva. Tanto que, se me tirassem as palavras, nada mais sobraria se não o grosso pó ao deixar-se empoeirar as prateleiras da estante do saber. Abandonar-me ia na imensa escuridão da ignorância, desmanchando de tão velha, enferrujando de tão inerte e morrendo de tanto desgosto. Estaria vazia, murcha de qualquer animosidade e translúcida do ser. Não poderia mais se ver quaisquer rastros de cor em minha presença, caso a enxergassem, faria questão de torna-la permanentemente não sóbria. Tem a minha atenção aquilo que me compõe como Mariana, que me preenche como mulher e me aviva como humana. Aos livros devo muito, pois estaria sendo terrível mentirosa se negasse, em algum momento, que a cada pedaço meu se encontra paráfrase e ponto final. Travessado por mim este caminho que tem sido escrito por tantos manejos, dedico a estes, meu eterno vislumbre.&