A sombra eu

No escuro me escondo da sombra que me assombra

E pra relaxar, quebrada, eu tento remontar

As peças do quebra cabeça que não parecem encaixar

Não entendo nada já que olhei a caixa e estava escrito lá

Que o tema era: Perdida no vão da vida só esperando o trem passar

E essa dor que insiste em continuar?

Me parece que tomar aspirina não vai adiantar

Ela tira de mim tudo que eu nem sabia que tinha a ofertar

Meus amigos dizem que estou doida e é assim mesmo que eu queria estar

Louca de não se importar, perder a hora, errar o ponto, ver o jornal e não me estressar

Mas é impossível pra mim parar de pensar 

Eu penso em mim, no mundo, nas pessoas e tudo que eu tenho pra falar

Nas coisas que ninguém conversaria em um bar

Mas preservo os momentos de performar

Vivenciar os dramas de beber e beijar

Esquecer de tudo e sair sem pagar

O preço que é conseguir sustentar

O peso de um viver diferente

Que com certeza não nasceu pra agradar

Mas faz parte chocar 

Na minha mente não é mesmo fácil entrar

Vivo sozinha e já falta espaço

Não tenho onde colocar os meus sapatos

Imagine só dividir isso com alguém

Iria enlouquecer junto também

Acho que no fim eu nem sou tão doida assim

Encontrei uma coisa que é demais até pra mim




   Mariana O. 

   Cabo frio, 17/08/2024








Comentários

  1. que final intrigante, li diversas vezes e estou cada vez com novas percepções e sentimentos, parabéns Mari

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