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Mostrando postagens de junho, 2024

Passatempo

  No presente me hospedo com tranquilidade. Vejo a vida passar, mas sem alarde. Tomo um chá no posto da saudade e dela me despeço, pois deve viajar prá lá de tão longe sempre acompanhada do passado, o seu velho. Sigo em frente voltando pra casa, e sinto as águas rolarem andando descalça. As vezes me pegam despreparada e me machuco, eu sangro, mas no mesmo instante também me curo. É assim. Tenho um encontro marcado com o futuro e não o culpo por demorar a se ajeitar. Digo a ele que leve o tempo que precisar, porque enquanto se prepara, eu me olho no espelho, arrumo o meu cabelo, ouço os pássaros cantar. Assim estarei pronta quando finalmente ele resolver vir me buscar. Vamos passear, mas pra onde eu não sei e acho que sequer ele saberá. E está tudo bem. Vivo os dias em passo a passo. Moro na casa do presente e aqui temos um combinado: a gente não atrasa o relógio e deixamos os segundos para o próprio ponteiro contar. O aqui não tem hora pra terminar.                Mariana Oliveira     

Edgar Allan Poe: 1

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      Edgar Allan Poe: a vida delirante de um gênio                             Que o período vitoriano da humanidade foi permeado por mistérios, já é sabido por muitos. Mas o que a cidade de Boston talvez não pudesse prever, é que serviria de berço para quem futuramente seria conhecido na literatura mundial como pai do terror psicológico e gótico (E diga-se de passagem, ele viveu por  esse título). Edgar nasceu já órfão em 1809, e de seu pai herdou apenas o emblemático sobrenome "Poe", pois o mesmo o abandonou antes mesmo de seu nascimento. Sua mãe faleceu pouco tempo depois de tuberculose, doença que viria a assombrar a vida de Poe até seu próprio leito de morte. Edgar foi adotado por um casal bem sucedido de comerciantes, os "Allan", tornando completo o seu nome e também sua identidade como escritor. Porém, mesmo tendo amplo acesso a estudos de excelentíssima classe, Poe apresentava uma personalidade complexa e difícil de lidar, tendo diversos conflitos com seu p

Amor de Mulher

Corajosa, brada, forja Tudo aquilo que desempata, força Força mesmo na forca, força de mulher. Luta infinita que esgota, coloca Rearranja, bagunça, cansa Ama, independente de De ter, de ter Vive de estar, estar sempre lá Mesmo quando não existe o bem Como é bom sentir com você, viver Saber que as mazelas do tempo jamais afetarão O nosso amor, os afetos Tão conscientes, fazem o que devem fazer Sem precisar mandar Todos os dias acordam, sentam, sentem E escolhem ficar.                                                        Mariana Oliveira                                                           Cabo Frio, 12/06/2024

Sou Eu

  Eu sou Assim. Sou uma tempestade em copo d'água. Água fresca e gelada. Calmaria. Sou o Gozo e o Choro. Os dois em vida, vivendo juntos, ao mesmo tempo.  Espantoso, Esplêndido. Depende do seu ponto de vista, do qual independo, pois já fui oque sou e não sobrou mais nada além do que continuarei sendo. Deixe-me ser então a verdade. Logo serei sua leoa borboleta, seu palhaço padre, sua amora carne. Serei o seu amor e te darei tudo que não sou.                                          Mariana Oliveira                                                           Cabo Frio, 29/05/2024

Carta aos Livros

  " A vigorosa alma cheia de significados, que transcende o corpo material de um texto, transmite a mim os sentidos que preciso para estar viva. Tanto que, se me tirassem as palavras, nada mais sobraria se não o grosso pó ao deixar-se empoeirar as prateleiras da estante do saber. Abandonar-me ia na imensa escuridão da ignorância, desmanchando de tão velha, enferrujando de tão inerte e morrendo de tanto desgosto. Estaria vazia, murcha de qualquer animosidade e translúcida do ser. Não poderia mais se ver quaisquer rastros de cor em minha presença, caso a enxergassem, faria questão de torna-la permanentemente não sóbria. Tem a minha atenção aquilo que me compõe como Mariana, que me preenche como mulher e me aviva como humana.  Aos livros devo muito, pois estaria sendo terrível mentirosa se negasse, em algum momento, que a cada pedaço meu se encontra paráfrase e ponto final. Travessado por mim este caminho que tem sido escrito por tantos manejos, dedico a estes, meu eterno vislumbre.&