Edgar Allan Poe: 1

    Edgar Allan Poe: a vida delirante de um gênio 

             

             Que o período vitoriano da humanidade foi permeado por mistérios, já é sabido por muitos. Mas o que a cidade de Boston talvez não pudesse prever, é que serviria de berço para quem futuramente seria conhecido na literatura mundial como pai do terror psicológico e gótico (E diga-se de passagem, ele viveu por esse título). Edgar nasceu já órfão em 1809, e de seu pai herdou apenas o emblemático sobrenome "Poe", pois o mesmo o abandonou antes mesmo de seu nascimento. Sua mãe faleceu pouco tempo depois de tuberculose, doença que viria a assombrar a vida de Poe até seu próprio leito de morte.

Edgar foi adotado por um casal bem sucedido de comerciantes, os "Allan", tornando completo o seu nome e também sua identidade como escritor. Porém, mesmo tendo amplo acesso a estudos de excelentíssima classe, Poe apresentava uma personalidade complexa e difícil de lidar, tendo diversos conflitos com seu pai adotivo. O motivo principal era que o mesmo não o incentivava na sua maior e talvez única paixão: escrever.

Quando Poe abandonou a universidade, foi obrigado a se alistar nas forças armadas, época em que escreveu seu primeiro livro e o publicou escondido, utilizando de um pseudônimo para manter seu segredo. Mas a farsa não durou muito tempo, já que em 1832 acabou expulso da academia por indisciplina. Tudo piorou quando seu pai descobriu que ele gastava todo o dinheiro que era destinado a ele com álcool.

A partir daí ele foi oficialmente emancipado da família e passou a trabalhar como editor e escritor para alguns jornais, onde publicou suas primeiras histórias e alcançou altos patamares na sociedade literária da época. 

Tentou se casar algumas vezes, mas perdeu todas as mulheres de sua vida por alguma doença, pouco tempo depois de apaixonar-se. Seu estilo de escrita ultra romântica permitiu que ele explorasse profundamente esse lado carente de afetos, mostrando de forma explícita nos contos sua visão melancólica sobre a figura feminina, muito desejada ao mesmo tempo que parece sempre inalcançável (Eleonora, 1842).

Nesse meio tempo de vida, Poe já se tornara um homem descrito como solitário e perturbado, tinha apenas 1 amigo próximo e alguns inimigos, esses quais dedicariam escritas com seu nome mesmo após sua morte. Seu trabalho era aclamado, mas ele não era amado e sabia disso.

Seus problemas com bebida foram piorando juntamente com seu quadro depressivo, e isso chegou a prejudicar muito seu trabalho e ainda mais sua imagem no mercado, que já não era das mais bem quistas. É nesse momento que Poe começa a ter pensamentos cada vez mais próximos de flertar com uma possível loucura delirante, e ironicamente ou não, publica algumas de suas obras mais famosas (O Barril de Amontillado e O Corvo, 1846).

Seu corpo foi encontrado morto em 1849 (com 32 anos) numa cidade distante, vestido com roupas de outra pessoa e com um hematoma na cabeça. Não se sabe até hoje os verdadeiros motivos de sua morte, mas há suspeitas de suicídio ou doenças cardíacas (O Coração Delator, 1843). 

Vale destacar nesta biografia que Poe era tão "sortudo" que ele mesmo costumava dizer que era amaldiçoado desde o momento de seu nascimento, devido aos acontecimentos trágicos de sua curta vida. 

 Poe vivia de uma forma tão isolada, que quando faleceu, a pessoa mais próxima dele ao ponto de conseguir descreve-lo para uma biografia ainda era o homem que foi seu considerado seu maior inimigo em vida. Então não se sabe ao todo o que é verdade ou apenas um grande triunfo de uma pessoa que se aproveitou de sua morte para espalhar uma imagem terrivelmente pejorativa do mesmo. Mas não tinha mais ninguém tão disposto...

O que não se pode negar é que aconteceram muitas coincidências, se é que podemos chamar assim, eventos tão esquisitos após a sua morte. Existem relatos de aparições, e até mesmo que ele continuou escrevendo e publicando mesmo estando declarado como morto. 

Tão assombroso quanto o que escreveu, Edgar Allan Poe deixou um grande legado para a literatura gótica mundial, sendo considerado precursor nas histórias de terror investigativo e servindo como inspiração para futuros escritores como por exemplo H. P. Lovecraft.

                                                          Mariana Oliveira

                                                          Cabo Frio, 25/06/2024