O amor mata as rosas
Me vejo perdida em um mar de rosas mortas.
Mortas de tanto amar aqueles que não sabem cuidar de rosas
Mortas de esperar do amor o mínimo respeito que se dá a uma rosa
E às vezes alguns ainda te entregam rosas, jurando amor eterno, eles te deixam morrer sentindo o cheiro de rosa morta
Te tiram do seu jardim, para te colocar em um vaso
E quanto mais tu morres, mais prendem seu perfume em alabastro.
Que amaldiçoado seja aquele quem te criou como fenótipo do amor, lançando sob sua cabeça o véu da dor
A dor da angústia de querer ser amada sem ser morta por quem se ama, assim não já se nota, que morta já está
Era viva, se tornou morta, morreu nas mãos de quem nunca apreciou rosas
Perdeu a sua cor de rosa nas palavras de quem te chamou de minha rosa, e sua sede de amor te fez acreditar nessa prosa morta
E esse mesmo amor que parecia tão indulgente prometendo um futuro promissor pela frente, dilacerava a rosa
Transformando-a em fiapos de natureza morta
Rosa, serias mesmo tão inocente?
Para aceitar de bom grado ser reduzida a míseras pétalas ou sementes
Não pensas que, quem te queres, ama ti por completo?
Aprecia seus espinhos, sangra em seus desafetos
Isso se ousar chegar perto
Pois quem verdadeiramente te desejas, sabe que não é preciso te matar para sentir seu acalento
Me parece que todas as rosas estão mesmo mortas
Estão morrendo de tanto se importar com um suposto amor
Um amor que não se importa de matar as rosas
Estão se esquecendo de que são rosas, livres por natureza
Vivas no peito de quem já não mais acorda
De quem se recorda da beleza viva da rosa
Dela sendo simplesmente rosa
Mas quem se preocupa com os desejos das rosas?
Sejam elas moças ou senhoras, nasceram rosas
E acabarão como todas as outras
Rosas, mortas
Mariana Oliveira
Cabo frio, 01/07/2024
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