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Mostrando postagens de julho, 2024

Disse o Padre Zé Ninguém

Os afetos vindos de alguém Seja de lá ou cá Goteja já  A esperança  Do saber amar Sem julgar Apenas alimentar As almas famintas Vazias de tudo Que a vida  As vezes tira O apoio, portantos Se torna algo além  É sobre estar Servir como amigo A uma pessoa Ser pessoa A outrem Não importa quem Disse o Padre Zé Ninguém Mariana Oliveira    Cabo frio, 25/07/2024

Víscera

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Peço que feche seus olhos  E sinta o que eu vejo Se debruce em meus desejos E não tenha mais medo Me mostre os seus apelos Enquanto me afoga em seu beijo Olhe para mim despida Nua de qualquer segredo Me amarre em seus anseios Corte em pedaços pequenos Me guarde como cortejo  Eu te presenteio Com o amor verdadeiro Chegue mais perto  E sinta o meu cheiro De baunilha e sangue Doce e apaixonante O mesmo sangue que pulsa na veia Bombeia e bobeia o coração Enche minhas entranhas de emoção Servindo para tirar todo meu ar  Se usar bem as suas mãos Depois prepare o jantar A sós, só pra gente Sente-se a mesa E me sirva como seu banquete Leve à boca, morda, prenda entre os dentes Fui feita para saborear sem precedentes Para ser sua e tão somente sua Pois quem reluta, não sente Comigo precisa ser intenso, quente Se não queimar minha pele Para mim não serve Bebida morna não me desce Mariana Oliveira    Cabo frio, 23/07/2024

Cruz e Souza: O cisne negro da literatura gótica no Brasil

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                                                                                       João da Cruz e Souza  E ntre os figurões da nossa literatura, não é incomum encontrar sobrenomes que carregam uma grande herança. Nomes que, de certa forma, representam muito mais que a identificação de um ser, mas nos contam uma história. E essa história, muitas vezes, é regada de privilégios alcançados através dos diversos sacrilégios sob os outros. João da Cruz e Souza nasceu sem esse nome. Filho de escravizados, um bebê que foi alforriado pela lei do ventre livre e adotado por aqueles que abusaram de seus pais durante toda a vida. João viveu pela arte e literatura, e utilizou do seu talento para gritar o que precisava ser dito, oque precisava ser ouvido. A sua escrita simbolista regada de temas mórbidos, místicos, tabus, representam de forma perfeita o que ele mesmo sentia perante os problemas que enfrentava em vida. Todo o seu trabalho foi um manifesto de rebeldia, ele explorou os mais profundo

Sal

Essa cidade tem clareiras Grandes montes brancos  E neles, memórias negras O barulho é de quebra quebra Dos pedregulhos ruindo São os trabalhadores do sal Debaixo do sol, construindo Tem cheiro de sódio salino Que transpira a dor suada Da enxada pesada Da vida passada São os trabalhadores do sal Exaustos, produzindo Os dias de gosto salgado Amargo, dolorido E nessas águas cristalinas Feitas de lágrimas salinas Restam os reflexos distorcidos São os trabalhadores do sal Explorados, esquecidos                            Mariana Oliveira                    Cabo frio, 15/07/2024

O amor mata as rosas

Me vejo perdida em um mar de rosas mortas. Mortas de tanto amar aqueles que não sabem cuidar de rosas Mortas de esperar do amor o mínimo respeito que se dá a uma rosa E às vezes alguns ainda te entregam rosas,  jurando amor eterno, eles te deixam morrer sentindo o cheiro de rosa morta Te tiram do seu jardim, para te colocar em um vaso E quanto mais tu morres, mais prendem seu perfume em alabastro.  Que amaldiçoado seja aquele quem te criou como fenótipo do amor, lançando sob sua cabeça o véu  da dor A dor da angústia de querer ser amada sem ser morta por quem se ama, assim não já se nota, que morta já está Era viva, se tornou morta, morreu nas mãos de quem nunca apreciou rosas Perdeu a sua cor de rosa nas palavras de quem te chamou de minha rosa, e sua sede de amor te fez acreditar nessa prosa morta E esse mesmo amor que parecia tão indulgente prometendo um futuro promissor pela frente, dilacerava a rosa Transformando-a em fiapos de natureza morta Rosa, serias mesmo tão inocente? Para